Quais são os fatores relacionados à dimensão
sociocultural que dificultam a aprendizagem?
A dimensão sociocultural da aprendizagem corresponde às circunstâncias
sociais, econômicas e culturais as quais o indivíduo está submetido e que
podem limitar ou reduzir seu potencial de aprendizagem. Entre esses fatores,
encontram-se incluídos a desnutrição, pobreza e desorganização familiar,
fraca interação entre adultos e crianças, quer no plano lúdico, quer no plano
linguístico.
|
1.
Discuta com seu grupo e apresente sugestões de atividades lúdicas que
o professor pode realizar junto às crianças para auxiliar no seu desenvolvimento
psicomotor. Se possível, cite as habilidades psicomotoras que serão
trabalhadas em cada atividade. [ATIVIDADES DA APOSTILA]
A
expressão psicomotora pode ser trabalhada por meio de brincadeiras e jogos
que envolvam o movimento do corpo, o raciocínio e a expressão afetiva. Por
exemplo, o jogo das cadeiras é uma brincadeira em que as crianças desenvolvem
noções espaciais e temporais, a capacidade de atenção e o equilíbrio. Quando
a música para, cada criança deve sentar em uma cadeira. A criança que ficar
sem cadeira sai do jogo. A cada rodada deve ser retirada uma cadeira da fila
até que, ao final sobrem apenas duas crianças e uma cadeira.
|
2.
Discuta com seu grupo de que forma o professor pode contribuir para
auxiliar o aluno com dislexia. Apresente cinco sugestões [ATIVIDADES
DA APOSTILA]
O
professor deve utilizar estratégias variadas para a consolidação dos signos
da escrita por meio de recursos multissensoriais e concretos, como letras
móveis, associação entre palavras e seus significados com imagens, sons e
experiências que sejam significativas para o aluno. O professor também pode
auxiliar o aluno reduzindo a quantidade de leituras e elaboração de textos,
ou substituindo tais atividades por outras que envolvam diferentes
habilidades. Deve também promover a cooperação por meio de atividades em
grupo de modo que o aluno possa participar e interagir durante a aula;
permitir que este aluno utilize recursos auxiliares como, calculadora,
gravador e tabuadas; fornecer um tempo maior quando for realizar atividades
que envolvam a leitura e a escrita.
|
2.
Reúna-se com seus amigos e discuta qual a relação entre inteligência,
aprendizagem e desempenho escolar. Em seguida, responda: por que um bom
desempenho escolar não pode ser considerado sinônimo de inteligência? [ATIVIDADES
DA APOSTILA]
A
aprendizagem é um dos fatores do desempenho escolar, mas o bom desempenho
escolar não significa que a aprendizagem tenha ocorrido de fato. Podemos
citar como exemplo o aluno que teve um bom desempenho porque tirou boas
notas, mas isso só foi possível apenas porque memorizou algumas informações e
não aprendeu de fato o conteúdo escolar. Em outro caso, uma criança pode ter
aprendido coisas importantes para sua vida, mas que não são valorizadas pela
escola. Essa criança pode ser extremamente inteligente e proativa ainda que
possua um desempenho escolar abaixo do esperado por seus professores.
|
3.
Leia atentamente a história de Gilvan: [ATIVIDADES
DA APOSTILA]
Gilvan é um garoto de dez anos que
está matriculado na 3.ª série do ensino fundamental.
É o quinto filho de uma família de
nove irmãos e, segundo sua mãe, nasceu prematuro de um parto com
complicações. O cordão umbilical teria enrolado no pescoço do bebê, impedindo
sua respiração. Como nasceu desnutrido, era muito miúdo e teve que ficar na
UTI do hospital para ganhar peso antes de ir para casa.
Gilvan cresceu no sertão nordestino,
morando com a avó, irmãos e primos. A mãe havia falecido e seu pai fora para
São Paulo em busca de emprego, sendo que jamais voltou para o Nordeste. O
menino morou lá com parte de sua família até os oito anos, quando se mudou
para São Paulo juntamente com uma tia e dois irmãos mais novos.
Atualmente, Gilvan mora em uma casa
construída em terreno da prefeitura, próximo à escola, juntamente com os
irmãos, a avó e uma tia.
Na casa de Gilvan, apenas o irmão
mais velho tem emprego fixo. Sua avó e sua tia são diaristas e Gilvan,
juntamente com dois irmãos, ajuda na renda familiar vendendo balas no
semáforo.
Quando tinha três anos, Gilvan teve
uma forte infecção no ouvido, o que afetou parcialmente a sua audição.
A professora do menino o considera
preguiçoso e desinteressado, pois não presta a devida atenção nas explicações
e falta muito às aulas.
Seu desempenho escolar
é considerado ruim, pois já está na escola há três anos e ainda apresenta
muita dificuldade com a leitura e escrita. Possui um vocabulário pobre e,
apesar de não atrapalhar as aulas, às vezes recusa-se a realizar atividades
de leitura e escrita devido a sua dificuldade em realizá-las. Consegue copiar
textos da lousa, mas não consegue ler e interpretar adequadamente nem
escrever ditados.
|
A aprendizagem pode ser abordada de diferentes pontos de vista.
Descreva quais são eles.
Longe de possuir uma definição exata, a aprendizagem é um fenômeno
complexo que permite interpretações de diferentes enfoques teóricos, cada
qual evidenciando aspectos que a influenciam ou a determinam. Desse modo,
pode ser abordada do ponto de vista biológico, psicológico, cognitivo e
sociocultural, fato que muitas vezes gera concepções discordantes entre si.
|
A partir do texto de Madalena
Freire, reproduzido neste capítulo, reflita sobre a relação professor-aluno e
suas implicações no processo de aprendizagem, destacando os aspectos que você
e seu grupo consideram relevantes para a experiência de Eliane de superar
suas dificuldadesemocionais com o auxílio de sua professora. [ATIVIDADES DA APOSTILA]
O
caso de Eliane retrata uma situação que teria um desfecho diferente caso a professora
não demonstrasse o mesmo interesse que demonstrou em incluí-la.
Eliane
tinha problemas emocionais, mas não conseguia expressá-los de outra forma se
não resistindo à própria aula. Expressou junto à professora os mesmos
conflitos que experienciava com o abandono e rejeição da mãe. A capacidade de
se colocar no lugar do outro, manter uma postura reflexiva e o real interesse
pelo aprendizado do aluno são características fundamentais a qualquer
professor que reconheça o papel dos aspectos emocionais e sua influência na
escola.
|
A
teoria da carência cultural ampliou a visão do fracasso escolar na década de
70. Explique-a.
Somente
na década de 1970, o fracasso escolar passou a ser concebido a partir de
perspectivas mais amplas. A teoria da carência cultural foi uma das
contribuições para aquele momento histórico, ao afirmar que o êxito na escola
estaria diretamente relacionado ao sistema socioeconômico e cultural em que
se insere o educando. Essa teoria influenciou profundamente a educação
brasileira, instigando a criação de programas compensatórios no sentido de
recuperar o atraso e diminuir o estado de carência dos alunos. Essas ações
foram defendidas como formas de garantir a igualdade de condições de
aprendizagem aos alunos “carentes culturalmente”, ou seja, àqueles que,
devido à sua condição socioeconômica desfavorecida, não possuíam os subsídios
considerados necessários a uma educação integral.
A teoria
da carência cultural logo sofreu críticas acirradas por influenciar a
concepção acerca do fenômeno do fracasso a partir de uma abordagem
preconceituosa. Segundo os críticos, essa abordagem favorecia a desigualdade
social e o assistencialismo, já que consideravam que as classes menos
favorecidas, devido a sua condição socioeconômica, eram inferiores
culturalmente.
A teoria
da carência cultural contribuiu para certo imobilismo nos meios educacionais
que, de maneira fatalista, não se viam em condições de resolver o problema do
fracasso escolar de maneira efetiva.
|
Após a leitura do texto “O caso de
Mariana”, responda (individualmente ou em grupo) às questões. [ATIVIDADES
DA APOSTILA]
O
caso de Mariana
Mariana é uma menina
tímida de nove anos que está matriculada no 3.º ano do ciclo fundamental I.
Senta-se na última carteira, no canto da sala de aula e nunca conversa com
ninguém. Apresenta dificuldade de acompanhar o conteúdo ensinado, pois se
distrai facilmente e parece ter medo da professora, mesmo sem nunca ter sido
repreendida. Após terminar a lição costuma distrair-se roendo com a boca um
pequeno pedaço de borracha. No dia da última prova, Mariana urinou na roupa.
Sua professora perguntou por que ela não pediu para ir ao banheiro, mas ela
baixou timidamente a cabeça e não quis responder.
Após esse incidente, algumas
crianças da sala chamaram-na de “mijona”. Mariana não compareceu mais à
escola. Foi vista por um pai de aluno escondida numa praça próxima à escola,
durante o horário de aula.
Sua tia foi chamada para conversar
com a professora e alegou que não sabia das faltas de Mariana, pois ela
arrumava-se e ia à escola todos os dias, retornando normalmente para casa no
horário.
a) De acordo com os estudos deste
módulo, que possíveis distúrbios de comportamento são apresentados por
Mariana?
a)
Mariana apresenta uma manifestação de insegurança e ansiedade. A escola não
soube lidar com suas dificuldades o que resultou em fuga.
b) De que modo à professora poderia
proceder para auxiliar Mariana?
b)
A professora deveria desenvolver uma atitude favorável de empatia em relação
às dificuldades de sua aluna. Deveria também ter valorizado seus pequenos
progressos, criado situações em que outras crianças pudessem interagir e
colaborar com Mariana. A aproximação afetiva da professora é um aspecto
fundamental para gerar laço de confiança entre ela e seus alunos.
|
As
causas do fracasso escolar durante muito tempo foram buscadas nas famílias e
no aluno. Quais influências e fatores
determinam esse tipo de pensamento?
Durante muito tempo as causas do fracasso escolar foram buscadas na
família e no aluno. Por influência da concepção médica e da psicologia,
fatores como predisposição genética, aptidões hereditárias, dificuldades
orgânicas e psicológicas foram argumentos bastante discutidos e validados
para explicar a falta de êxito no aprendizado escolar.
|
As relações familiares e as condições socioculturais contribuem para
uma estruturação da personalidade do
indivíduo?
Os fatores psicológicos abrangem, por
exemplo, os sucessivos fracassos vivenciados pela criança ao longo de sua
trajetória escolar, que a levaram a desenvolver um sentimento de impotência
com relação à sua capacidade de aprender.
A maioria das crianças com esse tipo de
histórico concebe a escola como um ambiente ameaçador.
A relação com o meio familiar e as condições
socioculturais também fornecem elementos fundamentais à estruturação da
personalidade do indivíduo que pode se tornar frágil, agressivo, altruísta,
inseguro, proativo dependendo de suas relações com os pais e a sociedade.
Convém reafirmar a importância do olhar
multidisciplinar sobre a aprendizagem. Ela não é um fenômeno isolado,
previsível. Tampouco depende unicamente do aluno ou da escola, mas nos impõe
a consideração de inúmeras variáveis que se dinamizam e se encontram em um
permanente diálogo. Tendo compreendido esse processo, vamos prosseguir com
algumas considerações sobre o que é inteligência, sua relação com a
aprendizagem e o desempenho escolar.
|
Cite as queixas mais comuns de pais que tem
filhos com problemas emocionais?
Os
problemas emocionais quase sempre acompanham as dificuldades de aprendizagem.
Às vezes correspondem à origem da dificuldade, outras vezes, são
conseqüência.
É comum ouvirmos pais e educadores queixarem-se de que seus filhos e
alunos, cujo histórico já apresenta dificuldades de aprendizagem, são
“nervosos”, “desorganizados”, “tímidos”, “instáveis”, “dependentes”,
“agressivos”, entre outras adjetivações.
|
Cite
uma crítica que as perspectivas atuais relacionadas à inteligência fizeram a
visão psicométrica
Nas
últimas décadas, novos estudos sobre a inteligência teceram algumas críticas
à visão psicométrica, fato que os tornou gradativamente bastante influentes.
Dentre tais críticas podemos destacar:
A
inteligência vista como capacidade geral, tal como na visão psicométrica,
ignora as habilidades específicas potenciais e as diferenças individuais;
A
inteligência vista como fator inato ou intrínseco ao indivíduo gera obstáculos
ao desenvolvimento, uma vez que influencia a conduta do educador que acaba
por não investir em todas as potencialidades do aluno;
A
inteligência, quando verificada, testada por instrumentos padronizados ignora
o papel do contexto sociocultural e as diferenças subjacentes a eles;
A inteligência não é definida a
priori, portanto não pode ser mensurada, mas potencializada por meio da
educação.
|
Como a teoria das inteligências
múltiplas explicaria o caso de Bruno? [ATIVIDADES DA APOSTILA]
Bruno
apresenta dificuldades na área linguística e lógico-matemática, mas isso não
significa que seja menos inteligente uma vez que apresenta habilidades e
talentos em outras áreas.
|
Como
as inteligências múltiplas se relacionam com a aprendizagem e o desempenho
escolar?
Tradicionalmente,
as escolas tendem a valorizar dois tipos de inteligência: a linguística e a
lógico-matemática. Na tradicional configuração de escola, o aluno que aprende
melhor utilizando outras habilidades que não aquelas valorizadas pelo ambiente
escolar acabam prejudicado; fato que, na maioria das vezes, incorre em
fracasso escolar e na frustração dos objetivos da escola e do próprio aluno.
Quanto mais possibilidades forem dadas aos alunos para a manifestação de suas
habilidades diferenciadas, maior a possibilidade de aprendizagem. Assim, a
escola deve considerar igualmente todas as inteligências na elaboração e
execução do seu projeto pedagógico. Em resumo, podemos concluir que
inteligência, aprendizagem e desempenho escolar são aspectos que se
inter-relacionam no processo de ensino-aprendizagem.
|
Considerando o que você estudou
neste módulo, analise e discuta com seu grupo de colegas de que modo às
dimensões biológica, sociocultural e emocional se expressam no caso do menino
Gilvan. Ao final da discussão comente
a seguinte afirmação:
“A aprendizagem e suas dificuldades
são processos multideterminados” [ATIVIDADES DA APOSTILA]
A
aprendizagem é um fenômeno complexo, influenciado por fatores internos e
externos ao aprendiz.
No
que se refere aos fatores internos ela depende da integridade biológica, da
etapa do desenvolvimento neurológico e cognitivo em que se encontra, além das
características individuais que levam cada um a absorver as experiências de
modo particular.
No
que se refere aos fatores externos à aprendizagem depende do contexto social,
cultural, familiar e educativo com os quais o aprendiz interage. Assim, as
condições podem ser favoráveis ou não à aprendizagem. Os fatores internos e
externos interagem continuamente na construção da aprendizagem.
a) Entendendo que diversificar o
ensino não é a mesma coisa que individualizá-lo, discuta e responda:
De que modo à prática pedagógica
pode se realizar, respeitando e potencializando as diferentes características
e necessidades dos alunos?
a)
A prática pedagógica deve ser diferenciada, com a utilização de recursos e
metodologias diversificados de modo a valorizar a participação e cooperação
dos alunos respeitando suas diferentes necessidades.
b) De acordo com a perspectiva de
Vygotsky, de que modo a ação educativa pode visar à superação do fracasso
escolar?
b)
A ação educativa deve valorizar no aluno aquilo que ele está prestes a
desenvolver, portanto, deve ser prospectiva. Além disso, deve promover a
interação social e valorizar o conhecimento que esse aluno já conquistou por
meio de suas experiências anteriores, dentro de seu contexto sociocultural.
|
De acordo com a literatura estudada quais os entraves que as
instituições educacionais podem causar a
aprendizagem dos alunos?
Cabe considerar também os
sinais de risco, próprios de algumas instituições educacionais que acabam por
causar alguns entraves ao longo da aprendizagem em vez de facilitá-la.
Entre tais entraves, pode-se citar a rigidez e o despreparo de algumas
escolas para lidar com a diversidade cultural de seus alunos, evidenciada por
atitudes pessimistas ou negativas de educadores, por problemas de organização
curricular etc.
|
De acordo com os estudos deste
módulo, por que não podemos confundir lateralidade com noção de
direita-esquerda?
A lateralidade é o reconhecimento de que as
partes do corpo não respondem de maneira igual.
Por
exemplo, ao erguer o braço direito para lançar uma bola, a criança preferiu
esse braço enão o outro porque tem consciência de que com ele seu desempenho
será melhor. Assim, para compreender os conceitos de direita esquerda é
importante que a criança tenha desenvolvido a sua consciência lateral.
|
De acordo com Piaget como se pode afirmar que a
criança tem dificuldade de aprendizagem?
Para Piaget,
as funções essenciais da inteligência consistem em compreender e inventar; ou
ainda, construir estruturas mentais de forma a organizar a realidade. Por
isso, acredita-se que o futuro da educação está em tirar proveito do desejo
inato da própria criança de reinventar o mundo do seu modo. Toda criança tem
o direito de percorrer seu processo de desenvolvimento, por ser a única
responsável por construir conhecimentos que se encontram no âmbito de sua
sociedade e cultura. No entanto, muitas vezes, a escola não considera os
processos cognitivos do aluno e suas diferentes etapas por desconhecer o
desenvolvimento infantil. A escola piagetiana entende que a criança não tem
dificuldades de aprender, mas problemas a resolver. Essa mesma criança possui
inúmeras hipóteses a serem formuladas sobre o mundo que o rodeia de forma que
o compreenda gradativamente, de acordo com o estágio de inteligência que
vivencia no momento.
Um
ambiente educativo deve ser desafiador para a inteligência da criança,
gerando desequilíbrios cognitivos para que a aprendizagem ocorra de forma
significativa e estabeleça novo equilíbrio. Ignorar os processos de
construção interna do aluno significa focalizar a ação pedagógica somente no
ensino, induzindo aquele que tem dificuldades em atender às expectativas do
seu professor ao fracasso escolar inexoravelmente.
Pode-se perceber que não existe uma inteligência única e
universalmente aceita, mas sim um indivíduo que aprende e se desenvolve de
maneira dinâmica e com infinitas possibilidades.
Deste modo, só se pode afirmar que uma criança possui dificuldades de
aprendizagem quando não atende minimamente ao processo de aprendizagem
realizado pela maioria dos seus colegas da mesma idade. O que se vê nas
escolas, no entanto, é a estigmatização precipitada de alunos que são
“problemas” para seus professores apenas por possuírem um modo diferente de
assimilar o mundo e as coisas que se distancia dos modelos de
ensino-aprendizagem tradicionais.
|
Leia atentamente o texto a seguir e,
depois, desenvolva as atividades sugeridas. [ATIVIDADES
DA APOSTILA]
A história de Ricardo
Ricardo é um garoto de nove anos
que, embora leve uma vida simples, nunca lhe faltou sustento. Mora numa
favela próxima à escola em que estuda. O seu sustento vem do trabalho de seu
pai como pedreiro e de sua mãe como empregada doméstica. Na escola, Ricardo
não consegue obter êxitos, especialmente por conta de sua dificuldade com a
escrita e por isso já foi reprovado.
Assim como outros alunos que
apresentam dificuldades, Ricardo recebe tratamento diferenciado na sala de
aula: é praticamente ignorado enquanto outras crianças usufruem da atenção da
professora que sempre os questiona se estão com dúvida ou dificuldade.
Ricardo fica disperso na aula.
Segundo sua professora, ele não conseguirá acompanhar o ensino, pois já está
bastante atrasado em relação aos demais.
A coordenadora pedagógica da escola
acredita que o fracasso de Ricardo é consequência da falta de cultura dos
pais que são praticamente analfabetos. Eles reconhecem que seu filho está
desinteressando quanto à escola, mas não sabem explicar por que isso ocorre.
A mãe suspeita que o menino seja preguiçoso e que a escola deveria lhe exigir
mais.
Para Ricardo, o cotidiano da escola
é uma desagradável rotina. Não vê motivação nas tarefas e se sente incapaz de
aprender, já que frustra constantemente as expectativas dos pais e da escola.
Ricardo representa um
exemplo bastante comum de fracasso escolar. Muito embora não apresente
antecedentes traumáticos ou problemas cognitivos, não consegue satisfazer as
exigências do ensino.
|
Leia atentamente os dois casos
descritos a seguir e, em seguida, responda às perguntas propostas. [ATIVIDADES
DA APOSTILA]
O
caso de Marcinha
Marcinha tem hoje sete anos.
Distraída e avoada, frequentemente passeia com seus olhos pela janela da sala
de aula enquanto a professora expõe o conteúdo. Sonha com seres imaginários e
com mil fantasias. Gosta de desenhar, é muito meiga e carinhosa. Com as irmãs
mais velhas, porém, está sempre em desvantagem, não pela idade inferior, mas
pelo seu temperamento bonachão, passivo e desarmado. As outras sempre lhe
pregam peças, pois a menina se distrai com facilidade. Suas irmãs fazem
piadas, joguetes e provocações para testar a atenção e a presença de espírito
da menina.
Crianças como Marcinha, desde a
tenra infância acumulam rótulos de incompetência pessoal com relação aos
outros. A ideia que possuem de si mesmas é a representação da inadequação,
inferioridade e incompetência. A autoestima é destruída ou sequer chega a se
formar. A criança cresce tímida, inibida, inferiorizada e com dificuldades de
ajustamento que vai durar por toda sua vida.
Marcinha está encontrando o caminho
da integração social neste mundo exigente e hostil graças a um medicamento e
uma orientação segura e atualizada, por um psiquiatra infantil. Marcinha tem
um bom prognóstico. O palpite é que conseguirá integrar-se socialmente e
aprenderá a conviver com o seu desequilíbrio químico natural.
O
caso de Vitor
Vítor é uma criança de sete anos que
frequenta o 2.° ano do l.° ciclo numa escola municipal de uma grande capital
brasileira. É o primeiro ano que frequenta essa escola. O professor define-o
como uma criança muito irrequieta, nervosa e incapaz de prestar atenção.
Movimenta-se constantemente pela sala, não termina os trabalhos e incomoda os
companheiros. A classe é composta por 30 alunos e a escola não conta com um
professor de apoio para auxiliar nas salas de aula.
A realização das atividades
escolares é sempre muito conturbada, pois Vítor apresenta dificuldade para
manter a atenção, fala incessantemente com os colegas sem manter o fio
condutor do discurso.
A professora solicita apoio da
coordenação, pois observa um elevado nível de ansiedade e alguma rejeição dos
colegas para com Vitor, dado que interrompe continuamente as explicações e
altera a dinâmica da classe com o seu comportamento perturbador (levantar-se,
falar, alvoroçar etc.).
A professora conversou com a mãe do
menino sobre as dificuldades escolares detectadas e pediu que procurasse
ajuda de um psicólogo. A mãe, de 29 anos, disse estar separada do marido
havia um ano e que, devido ao fato de trabalhar numa loja, deixava seu filho
Vitor a maior parte do tempo com os avós maternos. A mãe confessou não poder
controlá-lo, pois era desobediente e destruía os brinquedos, com grande
dificuldade de se manter quieto por alguns instantes, salvo quando via na
televisão desenhos animados. Vitor é filho único e não costuma brincar fora
de casa porque moram numa zona de muito trânsito e ele não tem o sentido do
perigo.
a) O que diferencia o caso de
Marcinha do caso de Vitor?
Tanto
Marcinha como Vitor apresenta o TDAH. Contudo, os sintomas de Marcinha são
predominantemente de desatenção, enquanto que, no caso de Vítor, notam-se
também sintomas de hiperatividade e impulsividade.
b) Qual deve ser a postura do
professor ao se deparar com os problemas relatados em ambos os casos?
O
professor não deve encarar o TDAH como um obstáculo ao trabalho a ser desenvolvido
em classe e deve ter uma postura de empatia em relação à problemática do
TDAH. É importante que se crie um ambiente favorável à aprendizagem do aluno,
buscando parceria junto à família do educando de modo a superar as
dificuldades.
c) De que modo o professor poderá
contribuir, na sua prática pedagógica, para minimizar as dificuldades de
Marcinha e de Vitor?
c)
O professor deve promover um ambiente de ensino estruturado, evitando
imprevistos e excessos de estímulos. Sua comunicação junto a estes alunos
deve ser clara, explicitando as regras e auxiliando-os a se organizar melhor.
O ensino deve fundamentar-se em atividades variadas e motivadoras,
intercalando-se aquelas atividades que exigem maior concentração e atenção
com aquelas de caráter mais espontâneo e lúdico.
|
Na
escola tradicional tendem a valorizar dois tipos de inteligência. Quais são e
de que forma isso pode prejudicar o aluno?
Tradicionalmente,
as escolas tendem a valorizar dois tipos de inteligência: a linguística e a lógico-matemática.
Na
tradicional configuração de escola, o aluno que aprende melhor utilizando
outras habilidades que não aquelas valorizadas pelo ambiente escolar acabam
prejudicado; fato que, na maioria das vezes, incorre em fracasso escolar e na
frustração dos objetivos da escola e do próprio aluno.No entanto, a
compreensão da variedade de influências internas e externas exercidas sobre
essa relação é de fundamental importância para não incorrermos em dois
equívocos: a) o primeiro refere-se à perigosa associação que se faz entre o
nível de inteligência do aluno com os resultados de sua aprendizagem na
escola.
Muitas
vezes, esse tipo de avaliação dá margem para que ocorram equívocos, pois o
aluno pode, por exemplo, ter um ótimo aproveitamento na realização de uma
prova, mas obter esse resultado simplesmente porque memorizou os conteúdos,
sem tê-lo aprendido;
b) o segundo equívoco é o de
impor ao educando a categoria de “pouco inteligente” apenas devido ao seu
baixo desempenho escolar. Isso seria, no mínimo, injusto se considerarmos o
fato de que a escola não tem demonstrado, de modo geral, considerar todas as
formas de habilidades e inteligências expressas pelos alunos em suas
avaliações.
|
O
que devemos considerar para compreender o processo de aprendizagem?
Assim, para compreendermos o processo de
aprendizagem, devemos considerar que ele resulta da relação entre as
condições externas ao indivíduo – seu contexto familiar, social, cultural e
educativo – e de suas condições internas – suas características individuais,
orgânicas e psicológicas.
|
O
que são esquemas, segundo Piaget?
Essa
organização mental da experiência ocorre a partir da interação de quatro
componentes que são de acordo com Piaget: os esquemas, a assimilação, a
acomodação e a Equilibração.
Os
esquemas correspondem a estruturas mentais ou cognitivas pelas quais os
indivíduos se adaptam às experiências proporcionadas pelo meio. Podem ser
pensados como conceitos ou categorias, tais como fichas de um arquivo: neste
caso, o arquivo é a nossa estrutura mental e as fichas são os esquemas, que
correspondem aos conhecimentos e registros da memória, permitindo-nos
reconhecer e interpretar os estímulos do ambiente.
À medida
que a criança se desenvolve, os esquemas vão se tornando cada vez mais
diferenciados e complexos. Ou seja, há uma contínua modificação e ampliação
dos esquemas ao longo de nosso desenvolvimento.
[...] os
esquemas são construídos sobre as experiências repetidas. Os esquemas
refletem o nível atual, da criança, de compreensão e conhecimento do mundo.
Os esquemas são, por ela, construídos. Como construções, os esquemas não são
cópias exatas da realidade.
Suas
formas são determinadas pela assimilação e acomodação da experiência e, com o
passar do tempo, elas se tornam cada vez mais próximas da realidade. Enquanto
a criança é um bebê, os esquemas são um todo — e, quando comparados aos
esquemas do adulto, são extremamente imprecisos e incorretos. (WADSWORTH,
2003, p. 22)
Assim, o modo como uma criança interpreta uma dada situação diz mais
respeito às características de uma etapa e seu desenvolvimento cognitivo do
que propriamente à inteligência. Nessa perspectiva, o desempenho escolar
depende mais da forma como a escola articula o modo de aprender do aluno com
a maneira de ensinar, do que propriamente com o quociente de inteligência do
educando.
|
O texto abaixo foi escrito por uma
criança disléxica. Apresente três indícios de dislexia discutida nesta aula
que estão evidenciados na escrita dessa criança [ATIVIDADES
DA APOSTILA]
(Ditado:
Era um lindo dia de sol, Sabrina estava resfriada e ficou muito triste, pois
não podia brincar na piscina e nem tomar sorvete) – Felipe, 10 anos.
Omissão
de letras (exemplo: lindo por lido, sorvete por solte); trocas fonéticas do
“t” por “d”
(exemplo:
muito por udo); não representa as letras “b” e “m” no texto (exemplo:
Sabrina/Sarina, brincar/rica, muito/outo, tomar/toto).
|
Observe o caso abaixo: [ATIVIDADES
DA APOSTILA]
Bruno é um aluno ativo
de doze anos, têm vários amigos, uma capacidade de liderança invejável, é um
excelente pianista, além de ser muito criativo nas tarefas artísticas. No
entanto, apresenta sérias dificuldades com leitura e escrita, não consegue
ler uma sentença simples e possui dificuldades com as operações matemáticas fato
que deixa seu rendimento escolar abaixo da expectativa para alunos da sua
idade e série.
|
Para o professor, qual a importância
do estudo do desenvolvimento psicomotor e do papel da psicomotricidade na
aprendizagem? [ATIVIDADES DA APOSTILA]
Quando
o professor reconhece que a mente, o corpo e a afetividade são processos
interdependentes, incorpora às suas estratégias pedagógicas ações que
promovem a expressão da criança. Seus alunos aprendem melhor usando o corpo,
participando concretamente das atividades.
Quando
o professor ignora esse aspecto, pode gerar dificuldades de aprendizagem.
|
Quais
as condições necessárias para a aprendizagem?
Vejamos
agora, rapidamente, as condições necessárias à aprendizagem, a partir de três
dimensões: biológica, sociocultural e emocional.
A
dimensão biológica corresponde aos fatores neurofisiológicos do indivíduo.
Pertence a essa dimensão o ciclo de desenvolvimento do sistema nervoso
central, conhecido por maturação, problemas relacionados à dinâmica das
funções cerebrais, seja por lesões mínimas no cérebro ou por outros fatores
que possam interferir nas funções elementares da aprendizagem, tais como
percepção, atenção, memória e concentração, entre outras.
A
dimensão sociocultural da aprendizagem corresponde às circunstâncias sociais,
econômicas e culturais as quais o indivíduo está submetido e que podem
limitar ou reduzir seu potencial de aprendizagem.
A dimensão psicoativa corresponde aos fatores psicológicos sobre os
quais não é possível falar sem levar em consideração as disposições
biológicas e socioculturais do indivíduo. Essa dimensão refere-se à maneira
de encarar os desafios do meio e à disponibilidade afetiva para aprender
|
Quais
aspectos a serem considerados pelo professor para identificar se uma criança apresenta
um distúrbio de comportamento ou se, simplesmente, requer uma atenção especial em seu
desenvolvimento?
Para
podermos identificar se uma criança apresenta esse tipo de distúrbio e requer
uma atenção especial, seja familiar ou educacional, é necessário:
-Conhecer
o desenvolvimento normal da criança, as características peculiares a cada
etapa do seu desenvolvimento bem como a inter-relação de diversos fatores
(idade, sexo, fatores genéticos, contexto familiar e social, condições
educacionais etc.);
-Reconhecer
que alguns problemas de comportamento podem possuir um caráter transitório e
que, portanto, não caracterizam uma patologia da personalidade;
-Avaliar até que ponto as alterações de conduta, e os desajustamentos
à situação escolar interferem ou dificultam a aprendizagem e a relação da
criança com os amigos, professores e familiares.
|
Quais cuidados devemos ter, antes de
interpretar um comportamento como sendo anormal? [ATIVIDADES
DA APOSTILA]
Além
de compreender e reconhecer as características próprias do desenvolvimento da
criança é importante considerarmos que os conceitos de normalidade e
anormalidade são relativos, uma vez que não há padrões bem definidos de
conduta. Assim, comparar os alunos não é o suficiente para identificarmos um
comportamento como sendo fora da normalidade. É preciso, antes de tudo,
reunir um conjunto de elementos que auxiliem a compreensão do comportamento
desse aluno a partir de seu contexto escolar, familiar e emocional.
|
Quais os aspectos a serem considerados
pelo professor para identificar se uma criança apresenta um distúrbio de
comportamento ou se, simplesmente, requer uma atenção especial em seu
desenvolvimento? [ATIVIDADES DA APOSTILA]
O
professor deve levar em consideração que os problemas de comportamento
resultam de fatores internos e externos ao aluno. Assim, é importante que o
comportamento considerado problemático seja objeto de uma análise crítica que
busque entender qual a influência da escola sobre essa conduta, se a relação
professor aluno não está sendo geradora do conflito e se a expectativa da
escola com relação ao aluno influencia o modo que como ela o vê.
É
fundamental também que os professores conheçam o processo de desenvolvimento
emocional de seus alunos para que possam melhor avaliar as formas de
comportamento próprias de cada estágio do desenvolvimento humano. O modo como
às crianças reagem ao meio depende do amadurecimento de suas estruturas
afetivas e cognitivas. O conhecimento do contexto social e familiar da
criança é também um fator importante para que a escola se adapte melhor às
suas necessidades, valorizando e respeitando suas crenças, valores e
interesses.
|
Quais os comentários mais comuns que se costuma ouvir referente
às dificuldades da aprendizagem da criança?
É comum
ouvirmos, de pais e educadores, comentários referentes às dificuldades das
crianças para aprender:
É
esforçado, mas não consegue aprender.
É muito
distraído, perde objetos com frequência e parece desorientado.
Não
consegue se expressar com clareza.
É
atrapalhada, tropeça e cai com frequência.
Realiza e
compreende bem as tarefas, mas não consegue aprender a ler.
No conjunto das explicações fornecidas por pais e educadores para
expressar a frustração com a não aprendizagem da criança, é comum a utilização
de termos como “problemas de aprendizagem”, “dificuldade de aprendizagem”,
“distúrbios de aprendizagem” que são mencionados equivocadamente sem nenhum
critério, gerando confusão e preconceitos sobre o assunto.
|
Quais são os problemas perceptivos mais comuns em
crianças com dificuldades de aprendizagem?
Os
problemas perceptivos que mais se destacam na criança com dificuldade de
aprendizagem são os de discriminação visual e os de discriminação auditiva.A
criança com deficiência perceptiva tem dificuldade para distinguir,
diferenciar, analisar estímulos sutilmente semelhantes, mas com significados
muito diferentes, comprometendo a sua compreensão de muitos dos materiais de
aprendizagem. Como exemplo, podemos citar o caso de crianças que apresentam
problemas em identificar as diferenças entre sons e letras, confundindo-as.
|
Tendo em vista o que você estudou
sobre a questão do fracasso escolar, discuta o caso de Ricardo procurando
responder a questão:
Que relação pode-se estabelecer
entre a profecia auto-realizadora, e a problemática vivenciada por Ricardo? [ATIVIDADES
DA APOSTILA]
Ao
longo de sua vida escolar, o jovem Ricardo demonstrou alguns indícios de que
possui algumas dificuldades que, no entanto, não foram devidamente levadas em
consideração pelos seus pais ou pelos seus professores. Do contrário, as
dificuldades de aprendizagem de Ricardo foram interpretadas como sinal da
falta de interesse do jovem pela escola. Nesse caso, cumpre-se o que estamos
chamando de profecia auto-realizadora, aquela que faz com que o aluno
acredite no seu próprio fracasso.
|